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A Importância da Passagem de Plantão
A Importância da Passagem de Plantão

A Importância da Passagem de Plantão como Ferramenta de Comunicação em Enfermagem

Arlete Duarte
Correa
Supervisora de Enfermagem do Hospital Samaritano – SP. Especialista em Administração Hospitalar; em centro cirúrgico, Recuperação Pós Anestésica e Central de Material e Esterilização; em Gestão Empresarial para Enfermeiros e em Gerenciamento e Liderança Competitiva.



 

Resumo: Este artigo aborda o papel da comunicação durante a passagem de plantão e suas implicações no contexto da saúde, além do papel dos profissionais envolvidos no processo do cuidado, que são necessários à efetividade e continuidade das informações, bem como a melhoria e qualidade do trabalho e da assistência prestada.

 


Sabemos que a comunicação desde os tempos primórdios é a base para a interação de pessoas e meios, fornecendo a transmissão de informações e relatos de história da própria humanidade. Desta maneira, acreditamos que a comunicação é vida, que possui características especiais, na medida em que passa a ser o elo de ligação nas relações interpessoais. 

Littlejohn menciona que “comunicar significa partilhar, isto é, compartir com alguém, um certo conteúdo de informações”. Para esse autor a comunicação se encontra inserida em todos os ramos do conhecimento humano, podendo ocupar espaços marcantes, dentro de grupos profissionais, em decorrência de sua efetividade. 

De maneira geral, as pessoas podem se comunicar por razões, formas e níveis diversos. Dispomos de vários meios de comunicação, que nos possibilitam transmitir informações produtivas e, por vezes, improdutivas. 

Esses inúmeros meios de comunicação, também são frutos de um mundo complexo, em que as pessoas, por muitas vezes, têm sua comunicação prejudicada, podendo gerar relações conturbadas, decorrentes de um canal de comunicação deficiente. A comunicação, no contexto das organizações hospitalares, é a essência do comando Ribeiro(2). Cada atividade que envolve duas ou mais pessoas em um hospital, ou qualquer outra organização, envolve um elemento de comunicação. Numa organização, fatos, idéias, sentimentos e restrições devem ser passadas continuamente. Há então, fluxos de informações, que é a forma predominante de comunicação, e muitas delas se relacionam com políticas, processos, regulamentos e rotinas.

Ao refletir sobre comunicação no âmbito hospitalar, é muito importante que haja clareza e objetividade na comunicação entre grupos, seja ela na enfermagem, ou em outros setores interligados. A comunicação adequada deve transmitir as informações de modo objetivo e conciso, de forma a qualificar a assistência prestada. Percebemos que na comunicação entre plantões, muitas vezes existem falhas, que irão interferir diretamente na qualidade da assistência. Sabemos que pode ocorrer dificuldade pessoal, e ou dos grupos em verbalizar e expressar fatos relacionados à evolução do paciente. Mas, seguramente nas organizações hospitalares, a comunicação é o sustentáculo que pode assegurar a continuidade do atendimento dos pacientes internados. Godoy, et al(3), analisando a comunicação no serviço hospitalar, concluem que todo aquele que trabalha no hospital, independente do nível hierárquico, tem necessidade de comunicar-se bem, não só para desempenhar suas atribuições com eficiência, como também para possibilitar que outros apresentem bons padrões de trabalho. Desta forma, o uso adequado dos processos de comunicação no ambiente hospitalar, resulta em produtividade, elevando a auto-estima do grupo, melhor assistência dos pacientes e maior boa vontade dos colaboradores para o sucesso da instituição. 

Os aspectos mencionados, portanto, levam-nos a pensar como se faz necessário uma real atenção para os eventos de passagem de plantão, no que diz respeito às possibilidades de interpretações errôneas das mensagens a serem transmitidas. Além disto, vale lembrar que durante o evento pode acontecer a distração de atenção daquele que recebe as informações ocasionando conversas paralelas, comentário inoportuno, ruído externos, interrupção de outros profissionais que desejam solicitar algo, podendo também gerar resultados insatisfatórios. 

A comunicação e as informações sobre os pacientes são essenciais entre os profissionais de saúde, para garantir a continuidade do cuidado, principalmente, quando há várias pessoas envolvidas na assistência. Partindo desta necessidade, surgiram os relatórios conhecidos como passagem de plantão, que são a transmissão de informações sobre os pacientes de um turno para o outro. Segundo Camargo(4), a passagem de plantão tem importância por “ser um instrumento de comunicação relevante que a enfermagem utiliza para informação do estado de saúde do paciente, tendo assim a possibilidade de um planejamento da assistência e uma visão mais apurada sobre a assistência a ser prestada no plantão subseqüente’’. Ocorre geralmente, no posto de enfermagem ou em outro ambiente dentro dos próprios setores, reunindo profissionais de dois turnos distintos: o grupo que esta saindo (o emissor das informações) e outro que assume o plantão e que recebe as informações (5). 

Como as intervenções de enfermagem são de caráter contínuo, reunir toda a equipe de enfermagem constitui-se uma atividade que requer esforço máximo. 

O planejamento de ações, as interrupções durante a passagem de plantão são fatores de ocorrência comum que refletem a dinâmica e continuidade do modelo de atendimento hospitalar. O conteúdo de passagem de plantão deve estar relacionado com número de pacientes da unidade, e complexidade dos mesmos e tempo de permanência. Em cada unidade, a passagem de plantão deve estar adequada às necessidades do paciente e relacionada ao tipo de atendimento prestado (Pinho2003). 

Nesse contexto, o enfermeiro torna-se constante comunicador. É ele quem assume a liderança no grupo e tem função de impulsionar, coordenar, controlar e qualificar as atividades do grupo como um todo. Deve ser compreendido como elemento vinculador das ocorrências, visando ao planejamento dos cuidados a serem prestados ao paciente e abordagens às suas famílias. Por ser comunicador e líder, espera-se que o enfermeiro tenha potencial de empenhar-se em levantar as deficiências, respeitar a individualidade do seu grupo, e que consiga realizar um trabalho, de forma que seja possível corrigir os pontos deficientes existentes. 

Este artigo objetivou ressaltar, portanto, o papel da comunicação e da clareza no processo interpessoal, além da sensibilidade dos profissionais envolvidos no processo do cuidado, que são necessários à efetividade e continuidade das informações, bem como a melhoria e qualidade do trabalho e da assistência prestada. Para tanto, recomenda-se que os enfermeiros analisem continuamente o fluxo das informações e os motivos que podem ocasionar fragmentações e divergências das informações entre os plantões. A adoção de recursos, como registros de enfermagem bem elaborados, linguagem objetiva e muita criatividade para fundamentar esta comunicação, são ferramentas importantes que devem ser adequadas à realidade institucional. 

Referências: 

1.Littlejohn SW, Fundamentos Teóricos da Comunicação Humana. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1982.
 
2.Ribeiro ABC, Administração de Pessoal em Hospitais, 2a. ed., São Paulo, LTR Ltda/Mec, 1977.

3.Godoy NA, TibiriçáCC, Reglanini JL, Rojas MGL, Comunicação no Serviço Hospitalar. Revista Brasileira de Enfermagem, 1968; 22:151-174. 

4.Camargo AT, Passagem de plantão como instrumento de comunicação Hospitalar, 1998; 74 

5.Pinho DLM, Abrahão J I, Ferreira M C, As estratégias operatórias e a Gestão da informação no trabalho de enfermagem, Revista Latino.Am Enfermagem 2003; 11:168-176.

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